Introdução
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma condição médica caracterizada por interrupções recorrentes da respiração durante o sono, decorrentes do colapso parcial ou total das vias aéreas superiores. Essas paradas respiratórias estão associadas a reduções na saturação de oxigênio, fragmentação do sono e consequências sistêmicas, como riscos cardiovasculares, alterações cognitivas e fadiga crônica. Embora o uso do CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) e dispositivos intraorais sejam considerados tratamentos de primeira linha, uma parcela significativa de pacientes não adere a essas terapias ou não obtém resultados satisfatórios. Nesses casos, a cirurgia surge como uma alternativa viável, desde que criteriosamente indicada.
Avaliação do Paciente: Diagnóstico e Seleção Cirúrgica
A decisão pela intervenção cirúrgica exige uma avaliação multidisciplinar e personalizada. Inicialmente, confirma-se o diagnóstico de AOS por meio da polissonografia, exame essencial para quantificar a gravidade do distúrbio (índice de apneia-hipopneia – IAH). Complementarmente, exames de imagem, como a tomografia computadorizada da face e faringe, identificam obstruções anatômicas (desvio de septo, hipertrofia de cornetos, alterações palatais ou na base da língua).
A nasofibroscopia sob sedação (simulação farmacológica do sono) é outro recurso valioso, permitindo visualizar dinamicamente o colapso das vias aéreas em diferentes estágios respiratórios. Essa análise funcional é crucial para mapear os sítios obstrutivos e definir a estratégia cirúrgica.
Indicações Cirúrgicas
A cirurgia é recomendada quando:
- Falha terapêutica: O paciente não tolera o CPAP, não se adapta a dispositivos intraorais ou não obtém melhora com fonoterapia.
- Alterações anatômicas evidentes: Presença de obstruções nasais (pólipos, septo desviado), palato mole alongado, amígdalas hipertróficas ou retroposição da base da língua.
- Gravidade da AOS: Casos moderados a graves (IAH ≥ 15), especialmente quando associados a comorbidades cardiovasculares ou metabólicas.
Cirurgia Robótica: Precisão e Inovação no Tratamento da AOS
Entre as técnicas modernas, a cirurgia robótica transoral (TORS – TransOral Robotic Surgery) destaca-se como um avanço significativo. Utilizando braços robóticos de alta precisão e câmeras 3D, o procedimento permite acesso superior às regiões profundas da orofaringe e hipofaringe, áreas tradicionalmente desafiadoras para abordagens convencionais.
Vantagens da TORS:
- Ressecção tecidual precisa: Remoção controlada de tecidos redundantes (ex.: úvula, palato mole) e avanço da base da língua, minimizando danos a estruturas adjacentes.
- Redução de sangramento: A cauterização simultânea dos vasos sanguíneos diminui complicações intraoperatórias.
- Recuperação acelerada: Menor edema e dor pós-operatória comparados a técnicas tradicionais.
- Eficácia comprovada: Estudos recentes demonstram taxa de sucesso superior a 80% em pacientes selecionados, com redução significativa do IAH.
Considerações Pós-Operatórias
O acompanhamento pós-cirúrgico inclui reavaliação polissonográfica para mensurar a eficácia do tratamento, além de orientações nutricionais e de higiene do sono. Em casos complexos, combinações de técnicas (ex.: avanço maxilomandibular associado à TORS) podem ser necessárias.
Conclusão
A cirurgia robótica representa um paradigma no tratamento da apneia obstrutiva do sono refratária, oferecendo segurança e resultados duradouros. No entanto, sua indicação exige rigoroso planejamento baseado em critérios clínicos, anatômicos e funcionais. Pacientes que não obtiveram benefício com terapias convencionais devem ser submetidos a avaliação individualizada por um otorrinolaringologista especializado em medicina do sono.
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Se você apresenta sintomas de AOS e busca alternativas terapêuticas, entre em contato para uma avaliação detalhada. A medicina personalizada é a chave para restaurar a qualidade do sono e a saúde global.